"Será possivel ser eticamente imparcial?"

por Nuno A.

Resposta simplificada a uma pergunta directa


Introdução

Em exercício de clarificação mental, transformo “Será possível ser eticamente imparcial?” em: Será possível, em termos éticos, ser imparcial? E, a resposta que dou a esta pergunta é Sim. No entanto, no sentido de preparar a sua demonstração argumentativa, devo, entretanto, deixar explícitas as minhas interpretações de ética e imparcialidade. A ética surgirá como ciência que estuda os fundamentos da moral, isto é, as bases dos costumes/acções morais. A imparcialidade como atributo da acção que acontece independente, ou seja, sem influências estranhas ao seu objectivo.Se tivermos em atenção a definição de ética apresentada, e que a imparcialidade é um atributo moral da acção, a pergunta em causa poderá apresentar ainda outra forma: Será possível ser fundamentalmente imparcial? Sendo esta última versão que analisarei, por me parecer ser aquela que mais perto do essencial se encontra.


Desenvolvimento

Neste ponto devo derivar a abordagem da questão pelas duas perspectivas que me surgem. A primeira é ser fundamentadamente imparcial por escrupuloso seguimento de uma lei/princípio moral e, desta forma, ser imparcial por fundamentos de uma lei humana. A segunda é ser imparcial tendo como fundamento as leis da natureza.

Começando pela segunda perspectiva, e ignorando até que ponto se podem considerar morais as leis da natureza, posso dizer que, neste caso, a imparcialidade é um conceito absurdo. Isto porque, considerando que a natureza possuiu leis, o homem não pode fazer outra coisa que não seja segui-las, e ao respeita-las não se coloca sequer a possibilidade de ser imparcial ou parcial, pelo simples facto de não existir escolha; por exemplo: obedecer parcialmente, ou imparcialmente, à lei da gravidade.Apesar de parecer objectivo que as leis da natureza, a existirem, não são morais ou imorais, pelo facto de abstraírem, nesse aspecto, o livre arbítrio ao homem, não podemos esquecer, contudo, que o homem, e por conseguinte tudo o que dele resulta, faz parte da natureza.

Para responder à pergunta pela primeira perspectiva é suficiente elaborar um exemplo, em que a acção, para a qual se pretende avaliar a imparcialidade, deve seguir uma lei moral imperactiva e clara, como por exemplo: Em todas as bifurcações que te surgirem, segue pelo caminho da tua direita. É claro que nem todas as leis morais permitem esta imparcialidade. Em todo o caso, para que uma lei permita apenas este tipo de acção é necessário que seja precisa, isto é, que não deixe espaço à interpretação. Neste sentido podemos verificar que na vida quotidiana, e até mesmo nos tribunais, está perfeitamente de acordo com a realidade ser-se parcial, sempre que a(s) lei(s) assim o permita(m). E de qualquer forma também seria inconcebivel cobrir todo o espectro da acção humana com limites definidos.


Conclusão

Em síntese é possivel dizer que a imparcialidade só é possivel quando a escolha é feita antes do surgimento da situação exacta que a pede.Considerando, no entanto, não válida a fundamentação desta imparcialidade, será lógico atingir, em deterimento das humanas, as bases da natureza, em que não existe escolha e por conseguinte imparcialidade.

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