Sobre a verdade e o ego

por Nuno A.

“Existem muitas opiniões, mas apenas uma verdade. Eu posso ter pensado momentaneamente sobre o quão difícil é para livrar-se do próprio ego, e que a existência sem individualidade de consciência seria sem sentido, mas…”

Nota 1: O fragmento textual acima apresentado é da inteira responsabilidade do meu amigo Rogério, o apascentador de catorzinhas, e surge aqui, por mim transcrito, para que fique clara a fonte temática da discussão critica que em dias de Outono de 2008 empreendi, e cujo resultado abaixo dou a conhecer.

Nota 2: Em minha defesa tenho a alegar que fui coercivamente induzido, sob ameaça de violência física, a ser breve nas minhas considerações.

Nota 3: Atribui-se ao fragmento o numero 3, e a cada uma das suas frases os numero 1 e 2, pela respectiva ordem. A dissertação encontra-se ordenada por letras e por letras seguidas de números. A cada letra corresponde uma acção, e a cada letra seguida de número a(s) consequência(s) da acção respectiva sobre a(s) frase(s) representada(s) pelo número.


A. Interpretar

A1. Contraposição de existência do absolutismo para além do relativismo.

A2. Algo se contrapõe à dificuldade da libertação egoística do ser e à sua existência sem individualidade de consciência.

A3. Ao libertar-se do seu próprio ego, o ser adquire a visão da verdade.


B. Problematizar

B1. Não será a verdade também uma opinião?

B2. A libertação do ego não implica a perda de consciência e, consequentemente, de qualquer actividade intelectual?

B3. Não será exactamente a existência de uma opinião egocêntrica que possibilita a formulação da verdade?


C. Desenvolver

C1. Será útil, em primeiro lugar, discernir realidade de verdade. Realidade é o que acontece em um determinado momento, como por exemplo: uma pedra, um carro, um gesto, uma palavra et caetra; e encontra-se subordinada ao tempo. Tirando uma fotografia ao universo apenas captamos o que acontece, e não o porque de acontecer. Ao motivo pelo qual as coisas acontecem chamamos verdade, e à forma pela qual se manifesta tempo. As opiniões pertencem à esfera da realidade, sendo portanto acontecimentos. Neste sentido, é possível verificar que, qualquer consideração que façamos sobre a verdade, será sempre um acontecimento e, consequentemente, uma opinião. De onde resulta que a verdade é inefável, tal como a palavra ou pensamento pedra não pode substituir o objecto em si.

C2. Sabemos que a emoção faz parte da construção de todo e qualquer raciocínio. E de facto, o que geralmente entendemos por ego é a vontade, a emoção, o instinto. Assim sendo, não só o homem liberto do ego perderia o seu eu, como também não poderia formular ou entender qualquer noção fosse ela qual fosse.

C3. Toda e qualquer opinião é construída por uma vontade, ego. A formulação da existência da verdade não foge à regra. Contudo, o facto de ser essa opinião apenas um acontecimento não invalida a possibilidade de existir, de facto, a verdade.


D. Teorizar

D1. A realidade acontece, a verdade é.

D2. (a segunda frase reduz-se à nulidade, por ser um absurdo; não influindo, consequentemente, em D3.)

D3. Os limites dos conceitos temporais, ou seja dos conceitos que existem, tal como a verdade, a liberdade, Deus, et caetra, são infinitos, pelo que não admitem definições. Os limites dos conceitos espaciais, ou seja das noções que acontecem, tal como casa, cão, gato, et caetra, são finitos, pelo que adimtem definições.

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